quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Obama

A posse de Barack Obama como o primeiro presidente negro dos Estados Unidos foi um evento histórico. Mais ainda pela carregada de tintas da mídia, que destinou generoso espaço para a cobertura do evento. Justo ou não, o fato é que Obama conseguiu, por algum tempo, fazer crer que o mundo não tem difirenças nem inimizades...Mas a realidade a partir de agora, é outra. Serão grandes desafios para tentar melhorar a imagem do País destruída por seu antecessor, que antes de sair também aniquilou a economia. Agora é esperar para ver.

Abaixo, reproduzo um artigo do parceiro Samuel Lima, jornalista, sobre a posse:

A metáfora de Obama
Samuel Lima*

Uma palavra ecoou no mundo durante vinte minutos. Mais do que um discurso de posse, Barack Hussein Obama, 47 anos, o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos, fez uma reflexão política com raro brilho de estadista, sob os céus gelados de Washington D.C. em 20 de janeiro de 2009. Hermeneutas, cientistas sociais e políticos, bem como lideranças de todos os quadrantes, discutem e interpretam sua mensagem.
Nas traduções publicadas nos principais portais noticiosos brasileiros (Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e O Globo) há pequenas divergências que indicam concepções bem distintas, para além do idioma. De saída, ele disse algo que é uma síntese do sentimento daquela nação: “Nesse dia, nos reunimos porque nós escolhemos a esperança em vez do medo, a unidade de propósito em vez de conflito e da discórdia”.
A figura de Obama, em si, já é um símbolo de esperança no futuro. Difícil prever ou supor seus caminhos, mas certamente o novo presidente americano não vai operar milagres no curto prazo. Sua gestão herda uma pesada crise econômica (como ele reconheceu: “Nossa economia está bastante enfraquecida, em conseqüência da ganância e irresponsabilidade por parte de alguns, mas também por nosso fracasso coletivo em fazer escolhas difíceis e prepara a nação para uma nova era”), mas igualmente vai carregar um profundo desgaste da política desastrada de seu antecessor, interna e externamente aos EUA. Iraque, Afeganistão e o recente genocídio praticado por Israel em Gaza compõem sua agenda imediata na área da política externa.
Filho de pai africano e mãe americana, Barack Obama mobilizou por alguns momentos a mesma atenção desde o longínquo vilarejo de Kogelo, no Quênia, onde nasceu seu pai Barack Hussein, passando por todas as principais capitais do planeta e acompanhada, mui atentamente, pelo mudo árabe.
O tom geral do discurso, ao meu juízo, transitou pelas veredas da humildade, promessas de paz, esperança e tolerância. O jornalista Alexandre Garcia resumiu essa simbologia subjacente: “Ele lembrou que a diversidade humana é a força dos Estados Unidos. Foi significativo que o quarteto que tocou imediatamente antes do juramento tivesse um judeu ao violino, um chinês no cello, um negro no clarinete e uma latina ao piano. O compositor é anglo-saxão: Willians. A propósito: o vestido de Michelle é de uma descendente cubana.” (Bom dia Brasil, TV Globo, edição 21/1/2009).
Yes, we can. O bordão da campanha “Sim, nós podemos”, ao que tudo indica, começa a se tornar real nesta primeira manhã após a posse. O primeiro gesto do presidente Barack Obama foi solicitar à Procuradoria Militar dos EUA a suspensão, por quatro meses, de julgamentos de detentos da prisão política de Guantánamo, em Cuba. Ali, algumas dezenas de prisioneiros subvivem em regime de campo de concentração. Os juízes militares acataram o pedido. Com isso, 21 casos em andamento ficam congelados, dentre eles cinco prisioneiros acusados (sem provas) pelos ataques de 11 de setembro de 2001. A conferir, a extensão histórica da “Era Obama”. A metáfora está posta: decifra-me ou te devoro...

Samuel Lima é jornalista e coordenador do curso de jornalismo do Bom Jesus/Ielusc, de Joinville (SC)

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